Torrente
intensas intenções
O Cine Água foi convidado pelos organizadores da SEU - Semana Experimetal Urbana (Camila Mello, Manuela Eichner e Rodrigo Lourenço) para organizar uma mostra de vídeos, exibida numa das noites de encontro dos artistas, na travessa dos venezianos, em Porto Alegre.
Chamada de Torrente, a mostra contou com sete trabalhos de artistas brasileiros, que têm em comum uma certa demasia na carga emocional e poética e na forma como são abordados seus assuntos. São confissões, indagações, acertos de contas, vontades urgentes expressadas sem meias palavras.
A partir de diferentes enfoques – do desejo íntimo e confessional até as angústias coletivas -, este recorte reflete sobre uma produção que se utiliza da objetividade no texto, aliada a imagens construídas com rigor e pertinência na busca da vazão caudalosa dos sentidos.
Joacélio Batista, Érika Fraenkel e Dellani Lima falam do desejo levado aos últimos graus. Em ambos os trabalhos e de diferentes formas, o corpo é tratado para além do seu limite, seja no transe sugerido em “Se me queimo no fogo do desejo, porque meus olhos ardem n’água?”, de Joacélio Batista, onde um homem paira no ar enquanto se desloca, seja na batida de tradição beat, poesia & drogas, em “O amor e o desejo podem ter excesso”, de Dellani Lima ou em “Apart cisne”, onde Érika Fraenkel discursa sobre os transbordes do corpo ao comparar/incorporar um cisne.
Os desacertos familiares e suas repercussões são assuntos dos trabalhos de Cláudia Paim e Carlos Magno. Em “Carta”, Cláudia Paim se apropria de um trecho de “carta ao pai”, de Kafka, que é recitado de forma densa e justaposto a imagens que sugerem uma atmosfera asfixiante. Carlos Magno, em “Kalashnicov”, rememora sua infância e a relação com seu pai. As expectativas, ansiedades e frustrações desta relação são trazidas à tona por ele, com grande coragem.
O enfoque social, as tensões causadas pelas diferentes classes e o indivíduo no coletivo, são alguns dos assuntos abordados nos trabalhos de Carlos Sansolo e Daniel Lisboa. “O fim do homem cordial” discursa de forma crua sobre as relações de poder na Bahia. Tendo ACM como personagem principal da trama, Daniel Lisboa impacta ao fazer uma reflexão sobre a política baiana, a violência, a imprensa e o povo. Carlo Sansolo, em “Ozuland”, se utiliza de grafismos e linguagem eletrônica para construir questionamentos que problematizam as relações do indivíduo na sociedade, suas normas de conduta e suas regras.
A mostra Torrente foi exibida na programação da SEU – Semana Experimental Urbana, em Porto Alegre, no dia 24 de junho, às 21 h, na Travessa Venezianos, 30.
* imagens dos trabalhos "carta" de Cláudia Paim e “Se me queimo no fogo do desejo, porque meus olhos ardem n’água?” de Joacélio Batista.
mais informações em http://portoalegreseu.wordpress.com/
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