Atualmente, é interesse do Cine Água o resgate de imagens antigas dos arquivos pessoais em vídeo, para desenvolvimento de falsas narrativas em filmes onde as marcas do tempo podem, de certa forma, contribuir como capa que encobre uma realidade inventada.
A partir deste interesse, surgem alguns trabalhos, entre os quais “um filme pelo caminho” e “neste mesmo lugar”.
Dois amigos conversam sobre um filme enquanto fazem um. Despretensiosamente, “um filme pelo caminho”, de Dirnei Prates e Cláudio Paulo Vieira, resgata um plano seqüência realizado há alguns anos e esquecido entre outras imagens nas fitas tape do armário. Um certo saudosismo é quebrado pela música eletrônica que contextualiza imagens propositalmente desbotadas. O roteiro do vídeo é o acaso. Todas as situações ali apresentadas foram surgindo durante a caminhada, realizada pelos dois, numa ensolarada tarde de inverno em 2003.
"Um filme pelo caminho", de Dirnei Prates O vídeo pode ser visto aqui. |
Com o vídeo “neste mesmo lugar”, Nelton Pellenz faz uma referência ao momento decisivo da fotografia e, de certo modo, à Bresson, enquanto caçador de imagens. Por um percurso praieiro surgem incautos transeuntes que são “atingidos” pelo registro de uma máquina fotográfica, que dispara apenas em pessoas. O único “clic” desferido pela máquina, tal qual uma arma, é preciso e rápido. Os personagens, pretensamente imortalizados neste safári, com o decorrer do plano seqüência, tornam-se fragmentos de uma corrente feita de instantes únicos.
Os dois trabalhos foram selecionados para o Festival HTTP Vídeo 2010 do Instituto Sérgio Motta, que tinha o tema “ em trânsito”.
O júri composto por Nelson Brissac Peixoto, Ricardo Van Steen, Guilherme Kujawski, Luiz Duva e Fernando Oliva escolheu “um filme pelo caminho”, de Dirnei Prates e Cláudio Paulo Vieira e “neste mesmo lugar”, de Nelton Pellenz, para fazer parte do Festival on line.Todos os trabalhos podem ser vistos aqui, no Prêmio Sérgio Motta.
"Neste mesmo lugar", de Nelton Pellenz O vídeo pode ser visto aqui. |
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