Os vídeos da serie ficções apropriadas, são montagens a partir de apropriações de cenas de filmes das décadas de 20, 30 e 40. São narrativas atravessadas, potencializadas pelo nonsense de suas cenas chaves.
Utilizo-me de cortes, dilatações do tempo, repetições e outros recursos técnicos nas cenas escolhidas, para tecer comentários, criar desvios e falar antes de mais nada de cinema.
As imagens fílmicas destas décadas, misturam rigor, ingenuidade e experimentação em dosagens tão marcantes que poderia-se dizer que são responsáveis pela formação do olhar de várias gerações, se perpetuando em boa parte da produção cinematográfica dos anos seguintes.
Busco nestes filmes o cerne dos clichés que absorvi durante minha vida de expectador. Os amores, os vilões, as viradas inesperadas, o filho que não era de ninguém, a madrasta.
O grão do filme me interessa tanto quanto o tempo marcado nele. O bem sempre vence o mal nestas matinés, porém, nas minhas ficções, nem sempre devolvo na mesma moeda o que tomo; e um faroeste pode virar um drama surreal, bem como um drama clássico virar um ironico portrait das relações amorosas.
Tudo é devolvido nesta forma,sem receitas, mas com a intenção de diálogar através de faixos de luz.
Sertão
1’50”/2007
Do filme “beijo Ardente”, de Henry King, seleciono somente as cenas do personagem principal, atropelado por um rio, em pleno oeste americano. Na cena, inesperadamente, o sertão vira mar.
Beijo Ardente – Henry King / 1926
