sábado, 2 de julho de 2011

Convite à contemplação do cotidiano

Nesta semana, no dia 29 de junho, Érica Gonsales publicou uma matéria sobre o Coletivo Cine Água no blog do The Creators Project.  Um dos principais objetivos do Projeto é, além de apontar talentos criativos em arte e tecnologia, propor reflexões sobre os caminhos que a cultura segue em um parâmetro global.

O texto abaixo foi extraído da matéria publicada no site.

"O Cine Água cria obras aparentemente simples e singelas. Eles crêem que a beleza do cotidiano merece ser contemplada e, para atrair o seu olhar, tratam de emoldurar esses pequenos momentos. “Parece-nos que disparadas são inúteis”, escrevem em seu blog. “Sentamos sob a sombra desta palmeira, deitamos na cama macia dos dias de chuva, somos refrigerados pelo ar condicionado do carro que nos leva para o mar, fumamos cigarros, experimentamos levezas percorrendo dunas meio enluaradas nas noites de verão. Sentimos a porta aberta e é necessário que haja um momento de inércia para que as coisas simples e cotidianas destes momentos entrem por esta porta, e possam ser sentidas com toda a sua carga.”

O artista Dirnei Prates admite que os trabalhos do coletivo precisam de algum tempo para serem entendidos e absorvidos. “É o tempo da contemplação”. Ele e Nelton Pellenz, ambos gaúchos de Porto Alegre, elegeram a água como elemento essencial de inspiração e ligação de suas fotografias, vídeos e instalações.

Atualmente a dupla está com a exposição Marestesia na Fundação Ecarta, que reúne dois vídeos de Nelton e imagens fotográficas, organizadas como cadernos ou livros, de Dirnei. No video Azul Profundo uma câmera fixa — linguagem recorrente nos trabalhos do diretor — registra em plano fechado o movimento das ondas. Em muitos momentos, as imagens se tornam abstratas, mantendo o sentimento de fluidez, abstração e mistério que o mar desperta.


Nelton já dirigiu diversos curtas, como o premiado pela Mostra Filme Livre, Passarim, em 2007. Na mesma Mostra o parceiro Dirnei saiu vencedor no ano seguinte, com o curta Tripulante. Ano passado, os dois ganharam o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea, com a exposição Salas de Chuva. O intuito era “deslocar o espectador da ideia de assimilação rápida, própria da cultura virtual”, conforme dito no site da Funarte.


Neste caso a dupla lançou mão não apenas de vídeos produzidos por eles, mas também imagens de filmes clássicos reeditadas em outro contexto. Nelton, por exemplo, se apropria da famosa cena do filme Cantando na Chuva, em que Gene Kelly canta e dança com o guarda-chuva em punho, enquanto Dirnei elegeu a tempestade que antecede o crime principal em Psicose, de Alfred Hitchcock. Paralelamente, monitores instalados no chão exibiam uma longa sequência de pingos d’água em pequenas poças até que um ruído surpreende o espectador. “A ideia é criar um antagonismo entre o que se vê e o que se ouve”, explica Nelton."

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