quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Cromomuseu: Pós-Pictorialismo no Contexto Museológico

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul, inaugurou a exposição Cromomuseu: Pós-Pictorialismo no Contexto Museológico, dia 06 de dezembro, A exposição mostrará a produção artística brasileira e estrangeira do acervo do MARGS, localizada entre meados do século 19 até a contemporaneidade, com 223 obras de 147 artistas brasileiros e estrangeiros e curadoria do diretor do MARGS, Gaudêncio Fidelis

Cromomuseu é formada por uma plataforma museográfica composta por paredes pintadas com centenas de cores sobre as quais estão expostas as obras e uma “galeria invertida”, construída dentro de uma das galerias do MARGS, onde as pinturas são mostradas com seu verso voltado para o público. Cromomuseu declara temporariamente o fim do chamado cubo branco — o espaço de exposições privilegiado pela modernidade para exibição de obras. Trata-se de um espaço asséptico, branco, inodoro e sem interferência de luz externa, cujo objetivo é isolar a produção artística do mundo real, possibilitando que tudo o que seja exibido naquele espaço torne-se, por essa razão, consagrado como arte.

ao fundo, fotografias da série "zona de neutralidade" de Dirnei Prates

O cubo branco foi assim concebido como uma plataforma ideológica capaz de canonizar as obras da modernidade.  Esta não é, portanto, uma exposição prioritariamente sobre a cor como questionamento posto pelas obras, mas sobre o emprego da cor no espaço museológico e como o aparato museológico interfere em nossa percepção. Mais do que isso, trata-se de uma exposição que problematiza a percepção comoum dos mais complexos fenômenos da atualidade. De como ela é constantemente alterada pelos mecanismos de exibição museográfica, pela lógica de exibição de obras adotada por cada um dos projetos curatoriais e pelo modo como cada um desses objetos artísticos é colocado em funcionamento. Cromomuseu promove a extinção do cubo branco de exposições e impregna as paredes do museu com o universo social e todas as suas perturbações: sinais, logos, cores, sensações, etc. A obra agora não está mais protegida pelo imaculado espaço branco, mas posta no mundo, despregada do universo da arte e solta no universo da cultura.

Os Trabalhos da série Zona de Neutralidade, de Dirnei Prates, ficaram no segmento - "CROMOCOR: A POLÍTICA "
O uso da cor no ambiente social é produto de séculos de convenções culturais estabelecidas, que mudam em maior ou menor grau de acordo com as diversas sociedades e com as experiências culturais de cada grupo de indivíduos. Nesse sentido, a cor torna-se política. A arte refletiu essas mudanças mais do qualquer outro ramo do conhecimento, e a cor empregada nos objetos artísticos mostra os desafios que a arte vem assinalando no âmbito das mais variadas proposições criativas na contemporaneidade. O ingresso da cor no universo social − ou uma socialização da cor, por assim dizer − atingiu seu ápice no Brasil através dos parangolés de Hélio Oiticica, em que o gesto do artista libertou as características reprimidas da cor e liberou-as no espaço público.

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